terça-feira, 26 de outubro de 2010

Mental e idades

Ainda que possamos sentir-nos aceites e nos integremos num país que está ao lado do nosso e que fala uma língua que, com facilidade, também aprendemos e falamos, mesmo que algumas vezes "achaporradamente", há sempre no ar uma série de ideias sobre "os portugueses", como se comêssemos todos da mesma açorda, pela mesma malga e ficássemos todos com as mesmas sequelas.

Nao é raro ouvirmos dizer que conduzimos mal, levarmos apitadelas ao menor e milimétrico segundo de "retraso" aquando da mudança do vermelho para o verde, nos semáforos, assim como ouvirmos dizer "hem?" com cara de nariz enrugado e expressao de "que coisa esquisita!" por imensos espanhois que vivem ou nao na raia mas que, com naturalidade, evitam esforçar-se ao mínimo para tentar entender-nos, quando falamos português. Também há muita gente que gosta de se rir de forma descabida, provocatória e humilhante quando a ela nos dirigimos em português, talvez porque nao sabe falar outras línguas ou ache que o espanhol é a língua supra que todos têm que falar. Há quem faça chacota ou faça referência ao nosso vocabulário como algo esquisito e sem razao de existir.

Desculpem-me, assim como nós os espanhóis sao pessoas como todas as pessoas e, nao entender que as línguas sao uma riqueza na sua heterogeneidade, revela muitos preconceitos e falta de um civismo linguístico raiano ou nacional que todos deviam desenvolver e cuidar.

Falar em amizade entre países com fronteira comum, como nosso caso, é uma grande treta em muitas situaçoes. No que respeita à língua portuguesa, a arrogância face à sua prática, revela-se muitas vezes em atitudes de desprezo e ideias de superioridade mas fundamenta-se talvez num sentimento de medo de cair no ridículo que pode, na maior parte dos casos, encobrir a incapacidade de mudar mentalidades e, ao mesmo tempo, crescer literária, social e humanamente em relaçao aos povos vizinhos.

Na verdade somos "bons" na capacidade de falar línguas porque gostamos e arriscamos.

Se não fossem aqueles que fogem à regra e gostam de aprender a "palrar" não teriam cabimento as inúmeras ações e cursos que fazemos e aulas que damos.

Em relaçao aos outros parece-me que é sempre tempo de começar a aprender algo, desde que se queira.

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